Sans Soleil – Chris Marker
Chris Marker, mais conhecido pela sua curta metragem La Jetée (1962), trata um possível cenário social associado a uma experiência cientifica. Experiência que tem como objectivo uma viagem no tempo, através de memórias compostas de um pós guerra nuclear com o objectivo de remeter o passado e o futuro para salvar o presente.
Sans Soleil, realizado em 1983, adopta como nome o álbum de Modest Mussofgsky. Sans Soleil é uma mediação entre a natureza humana da memória e a sua incapacidade ou capacidade de reencontrar contextos de vivências passadas como resultado da percepção singular e individual de um cenário que nos é envolvente e da forma como estas vivências nos afectam.
Marker elevando o género documental, realiza este filme experimental, facultando aos seus espectadores várias referências e pensamentos filosóficos pertinentes. As imagens e as cenas são maioritariamente japonesas e da Guiné-Bissau, que são tidos como dois pontos de extrema sobrevivência, devido a todo um conjunto de condições sociais que são impostas a estas culturas. Outras cenas são filmadas na Islândia, Paris e São Francisco. Outras tem ainda um carácter puramente ficcional.
Tido como documentário, Sans Soleil contém cenas ficcionais e na sua organização espacial varia de cidade para cidade sem uma coerência lógica habitual. O narrador feminino (Alexandra Stewart), lê um conjunto de cartas endereçadas a si, supostamente escritas por um cameraman, Sandor Krasna.
É deste jogo entre a edição do documentário e as cartas dirigidas à narradora que existe a presença do acaso, em que as memórias e vivências de um passado se se reflecte no presente e no futuro, sendo variáveis de sujeito para sujeito.
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