SEMINÁRIO/SEMINAR

Para o desenvolvimento deste projecto pretendo estudar e trabalhar elementos de criação pictórica, atribuindo uma maior importância aos mecanismos de concretização de uma imagem, assim como a sua aleatoriedade. Importa-me questionar e elaborar problemas e fundamentos de uma procura plástica que passa pelo “não controlo” do objecto a ser produzido. Contudo existem conceito que tenho de ter em atenção. Quando projectamos um mecanismo que terá como função criar imagens onde o importa o acaso, temos de ter em atenção que, desde que atribuímos uma forma e uma função ao mesmo, estamos a criar fronteiras na concretização das imagens, que á partida seriam de carácter aleatório. O desenho sem controlo é um assunto vasto, assim pretendo fixar o meu estudo num desenho onde importa a gravidade como forma de acção e relação entre um meio líquido e um suporte. No meu projecto pretendo trabalhar mais o desenho e o porquê da aleatoriedade no mesmo. Interessa-me este assunto pois existem questões que tenho vindo a desenvolver, mas que de certa forma precisam de um aprofundamento prático com o acompanhamento de uma base teórica mais aprofundada, que assim o complemente.

A transformação da imagem por via de um impulso sónico levanta variadas questões como a sua previsibilidade, género e pertinência quando acompanhada pela peça sonora, podendo o mesmo acontecer inversamente. A partir da música experimental, assistimos hoje a uma variedade de respostas a nível imagético aquando as performances dos artistas, onde à música e à imagem estão associadas características relacionadas com o acaso e a experiência. Por outro lado, é necessário reflectir até que ponto o acaso vem não do lado experimental, mas sim de determinismos que à priori abrem uma gama variada, mas ainda assim restrita, de caminhos possíveis na construção de tais imagens.

Para pensar esta questão no campo das artes plásticas e da música, terei como objectos centrais da pesquisa a instalação Fades, de Carsten Nicolai, e a performance Kuvaputki de Pan Sonic com o artista Edward Quist.

O trabalho de investigação que estou e pretendo continuar a desenvolver tem um caracter menos concentrado na prática artística de um só indivíduo e mais em questões que surjem levantadas e que se cruzam nos diálogos práticos e teoricos no seio do meio artistico do seculo XX e XXI.

Partindo de um conjunto de entrevistas, textos de artistas, textos de terceiros, imagem, video e todos os meios de informação pertinente relacionados com autores que me vão sendo conhecidos, por pesquisa ou por simples vississitude da vida, vou debruçar-me essencialmente sobre os seguintes temas:
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“Le cadavre exquis boira le vin nouveau.”

O cadaver esquisito, inventado por volta de 1925 pelos surrealistas, era um jogo que procurava a desconstrução, o aleatório, o acaso. O jogo é uma composição feita a várias mãos, em sequência. Poderá ser jogado com desenho, com texto, com colagem, com música, com animação, etc.

“The image is a pure creation of the mind. It cannot be born from a comparison but from a juxtaposition of two more or less distant realities. The more the relationship between the two juxtaposed realities is distant and true, the stronger the image will be.”
[Pierre Reverdy, Nord-Sud, March 1918]

Interessa-me pensar nestes jogos finalizados como uma justaposição de realidades, com uma força e uma personalidade que adquirem por serem feitos por várias pessoas.
Proponho-me a fazer uma reflexão teórica sobre o jogo, transpondo-o para os dias de hoje, e para artistas contemporâneos que trabalhem numa base de desconstrução também algo aleatória. Procurarei então trabalhos e artistas que se assemelhem à ideologia do cadaver esquisito, que reúnam também uma força e uma personalidade intrínsecas ao – de alguma forma – passar o testemunho outros.

Na sequência da aula de ontem, ficam aqui alguns textos que podem ser úteis como introdução às apresentações da próxima segunda-feira:

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O meu projecto a Seminário vai partir de alguns dos conceitos que tenho vindo a explorar recentemente nas disciplínas de Atelier e Projecto, do 3º e 4ª ano respectivamente, assim como no meu percurso artístico. Começo por salientar que o meu projecto será teórico-prático, e que será desenvolvido, tal como já foi estabelecido, em conjunto com a disciplina de Projecto e o trabalho que estou a realizar nesta. O meu trabalho teórico irá desenvolver-se a partir da obra de artistas e autores como Robert Motherwell, Robert Ryman, Agnes Martin, Cecil Touchon, Rosalind Krauss,, Ausgust Strindberg e Erwin Wurm. Esta investigação abordará a questão da mancha e da imprevisibilidade muitas vezes inerente a esta, do detalhe, da repetição, do acaso para com a acção do artista, do controlo que este possui e não possui sobre a matéria, e explorando e analisando estes temas, desenvolverei o meu trabalho prático seguindo o caminho onde a investigação primeiramente me levará. Este projecto será um paralelo entre a minha investigação teorica e o meu próprio trabalho desenvolvido, que também passará pela pesquisa num momento mais tardio, e pela descoberta também, de relações entre a minha investigação e trabalho com artistas e obras actuais que venha a descobrir.

FBAUP  -  2009 / 2010 

____S E M I N Á R I O    D E    P I N T U R A______________ 

 Luís Eduardo A. Pereira

Aluno nº 061267094 – LAP Pintura (4º ano)

Apresentação de Proposta de Trabalho Final

 Porto, Novembro de 2009

 Para esta disciplina de Seminário de Pintura pretendo fazer e submeter a avaliação um trabalho dividido numa componente prática e numa componente teórica. 

 Tematicamente – e procurando desta forma fazer a ponte com as matérias abordadas ao longo das aulas da presente disciplina -, pretendo explorar, essencialmente, a famigerada relação Linha/Mancha. Esta é uma questão a qual, ao longo deste percurso na FBA, me sensibilizou e continua a sensibilizar de alguma forma (tanto no campo do Desenho como no da Pintura). Ainda nesta perspectiva e a nível conceptual, procurarei trabalhar também, simultaneamente, outros temas que me são caros como a relação Ausência/Presença, a vontade de enfatizar o “negativo” (no caso concreto, aquilo que aparentemente tem menos importância) e, ainda, a questão de partir para uma linguagem com algum condicionalismo inicial.
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Partindo do conceito de Palimpsesto optei por iniciar a minha investigação a partir do trabalho de Jean-Luc Godard, mas especificamente o documentário “Histoire’s du cinema”. Apropriando-se de fragmentos da História do Cinema  criando uma visão pessoal, Godard demonstra preocupações estéticas relativas a produção cinematográfica do século XX.

Tendo em conta estes aspectos é inevitável associarmos esta capacidade multi-interpretativa e reprodutiva da imagem ao pensamento de Walter Benjamim referente à obra de arte na sua reprodutibilidade técnica e aos mecanismos de reprodução e desgaste da imagem. É neste ponto que encaixo o trabalho de Godard e o conceito de palimpsesto, com o conteúdo da cadeira seminário. No caso específico de Godard, não só pela apropriação e reprodução de imagens já criadas, mas também pela método experimental que procura impor no seu processo de trabalho exaltando o pensamento crítico fugindo a uma recorrente necessidade capitalista da produção de imagens em massa direccionadas as massas que iludem uma determinada realidade desvalorizada de um processo sendo a técnica um mero artifício reprodutor.

Concluindo, o meu objectivo para este trabalho será encontrar e estudar exemplos artísticos videográficos, que explorem formas de palimpsesto, pela maneira como se apropriam, reproduzem e adulteram o próprio contexto das imagens.

Alguns exemplos:

“Fast Film” – Virgil Widrich

http://www.youtube.com/watch?v=Td6UObEEaQQ

“Instructions for a light and sound machine” -  Peter Tscherkassky

http://www.youtube.com/watch?v=0AbyrGAPMHs

Illuminated Average #1 – Jim Campbell

http://www.jimcampbell.tv/IA/images/IAPsycho.jpg

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Parece-me que existe na condição humana uma necessidade de desejo para nos querermos alienar de nós próprios, da nossa existência.

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