A força dos trabalhos de Jimpunk —como no caso deste samuraï.remix— reside na potenciação de uma espécie de sabotagem à ideia literal de interactividade que a estes projectos costuma estar associada. A velocidade a que se desenrolam as sucessões de imagens e textos como que boicotam as suas potencialidades interactivas e, aí, reside o seu carácter derisório. O autor faz jus ao seu “nome” tal como em outros tempos o “punk” se ria dos outros sons, aqui é a própria noção constitutiva do projecto que se transforma em objecto de ataque cerrado. O artista ensaia, de forma abertamente experimental, uma forte competência conceptual que lhe permite preconizar um protagonismo “autoral” que, também, se afirma resistente a todas as tentativas de dissolução desta figura. A pretensa democraticidade de um fantasmagórico “autor distribuído” (sic) é aqui notoriamente escamoteada em favor de uma intervenção individualizada. O elevado potencial de visualidade que evidencia permite-lhe, ainda, construir uma ampla teia de imagens que se afirmam como uma espécie nova de narratividade, aquela que se constitui segundo as premissas temporais da velocidade acelerada da sua sucessão, sem quaisquer intuitos informacionais ou comunicativos é, aliás, mesmo do seu boicote que se trata. Aí reside o encanto do projecto e o seu interesse acrescentado na discussão, sempre necessária, dos alargamentos contínuos para a prática artística.