Media Tácticos: Uma Introdução Crítica ao Activismo Digital Do-It-Your-Self

Miguel Afonso Caetano *







b #12
Jan.05




“O objectivo (dos media tácticos) não é destruir a tecnologia sob algum tipo de ilusão neo-luddista, mas sim impulsioná-la para um estado de hipertrofia, para além do ponto onde se pretendia que ela fosse. Então, na sua condição enfranquecida, ferida e desprotegida, a tecnologia pode ser esculpida de novo em algo melhor, algo em estreita concordância com as necessidades e os desejos reais dos seus utilizadores.”

 

–    Alexander Galloway, Protocol:  How Control Exists after Decentralization

 

“Se os media tácticos atingissem alguma vez os seus objectivos legítimos, tornar-se-iam imediatamente redundantes como categoria autónoma. Nesse momento, passaríamos todos a ser mediums, rejeitando que o discurso público fosse controlado (ou monopolizado) por peritos e profissionais dos media.”

 

 – David Garcia, “Islam and Tactical Media in Amsterdam”

 

Produto da confluência entre os media, a tecnologia, a arte e a política, os media tácticos constituem um conjunto de práticas culturais e um movimento teórico surgido na Europa durante a primeira metade da década de 90, difundido-se até ao final do milénio para a América do Norte e posteriormente para o resto do mundo. Tirando inicialmente partido das câmaras de vídeo mas também, a partir de uma certa altura, das tecnologias digitais como o CD-ROM e a Internet, o produtor deste tipo de media assume-se como um híbrido, desempenhando em simultâneo o papel de artista, activista, teórico e técnico.

O culture jamming[1] dos AdBusters[2], o modelo de jornalismo open-publishing da rede informativa Indymedia[3], alguns colectivos de net.art activista como o RTMark[4] e o 0100101110101101.org[5], assim como as acções de desobediência civil electrónica[6] dos Electronic Disturbance Theater[7] de Ricardo Dominguez são alguns dos exemplos  frequentemente citados deste movimento pautado pelo experimentalismo, pela flexibilidade, pela ironia, pelo amadorismo e pela subversão dos simbolos difundidos através dos meios de comunicação de massas. Numa definição apresentada pelos teóricos holandeses David Garcia e Geert Lovink no manifesto “The ABC of Tactical Media” (1997) pode-se ler que os “media tácticos são o que acontece quando meios de comunicação baratos do tipo DIY[8], tornados possíveis pela revolução na electrónica de consumo e por formas alargadas de distribuição (desde o cabo de acesso público à Internet), são utilizados por indíviduos e grupos que se sentem oprimidos ou excluídos de uma cultura mais vasta”, sendo na sua essência “media de crise, crítica e oposição”. Neste sentido, a sua razão de ser deriva da existência de um adversário, um inimigo um “outro” concreto e explícito.

 

A táctica contra a estratégia ou a guerrilha terapêutica de Michel de Certeau

O sentido do adjectivo “tácticos” remete aqui para a obra Arts du Faire (1990 [1980]) de Michel de Certeau, em que este analiza o processo de consumo de produtos culturais. O pensador francês considera que os consumidores fazem uso dos textos e artefactos que nos rodeiam mediante a criação e apropriação de significados nas suas próprias vidas quotidianas, subvertendo subrepticiamente o discurso dominante ou hegemónico. A esse conjunto de artimanhas e de astúcias, atribui a designação de tácticas, conceito que opõe ao de estratégia.

Este último – relativo ao poder político, económico e científico – descreve relações de força, diz respeito a “um lugar capaz de ser circunscrito como um próprio”, estabelecendo assim uma separação clara com um exterior, definido como inimigo. Por seu lado, a táctica não possui um local próprio, antes, insinua-se no lugar do outro, evitando o confronto directo e enveredando por intrusões temporárias e silenciosas no território do inimigo, através de acções de roubo, sabotagem e sequestro. Trata-se de uma “arte do fraco”, em que este “deve incessantemente tirar partido de forças que lhe são estranhas”.

O exemplo de táctica apontado por Certeau é a forma como os índios indígenas da América do Sul pareciam aceitar submissamente os rituais, representações e leis da Igreja Católica impostos pelos colonizadores espanhóis, mas, na verdade, “os subvertiam, não os rejeitando ou transformando, (...) mas utilizando-os para fins e referências estranhas à colonização da qual não podiam fugir”. Para Certeau, o crescente domínio da sociedade por valores comerciais tornava necessário a promoção de novas formas de resistência à homogeneização e mercantilização. A táctica apresentava-se assim sob a forma de uma prática de guerrilha, se bem que apenas funcionando como uma “terapêutica das socialidades deterioradas”. 

A distinção entre táctica e estratégia irá servir como principal inspiração para a teoria táctica dos media esboçada desde a segunda metade dos anos 90 por Garcia e Lovink numa série de manifestos como “The ABC of Tactical Media” publicados na mailing-list Nettime[9]. Os teóricos holandeses actualizam a ideia de táctica para o ambiente dos novos média, tornando-a mais radical. A táctica passa a ser domínio da produção activa, em lugar da produção sienciosa exercida através da leitura de signos abordada por Certeau. Na base deste pensamento está uma ética DIY em que o consumidor se torna também produtor dos media. A metáfora da guerrilha torna-se mais concreta em Garcia e Lovink, devido à mobilidade e ao hibridismo possibilitados pela tecnologia digital: “A presa deve descobrir formas de se tornar no caçador” (1997).

 

Utopias-pirata, raves e outros hacks[10] analógicos do sistema

Para além da táctica, os dois autores reciclam no conceito de media tácticos uma série de ideias-chave da contracultura da segunda metade do século XX. Uma delas é a de Temporary Autonomous Zone (TAZ)[11], introduzida nos anos 80 pelo filósofo anarquista Hakim Bey, o pseudónimo de Peter Lamborn Wilson, que remete para uma tradição de nomadismo centrada em enclaves à margem ou mesmo contra o sistema e a Lei, abrangendo desde as ilhas-refúgio de piratas do século XVIII às raves de música house e techno, passando por comunas, conferências anarquistas e os ajuntamentos tribais dos anos 60. Não se trata de criar um novo poder, mas de inventar espaços de libertação que podem durar desde uma noite até gerações inteiras. Estas zonas temporarias são uma alternativa aos embates directos com os poderes entrincheirados – encontros estes que, na melhor das hipóteses conduzem apenas ao martírio. Como explica Bey, “a TAZ é como um levantamento que não entra directamente em confronto com o Estado, uma operação de guerrilha que liberta uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e de seguida dissolve-se a si própria para se re-fazer noutro lugar e noutro momento, antes que o Estado a esmague” (2001 [1991]: 404).

O détournement, uma prática artística empregue pela Internacional Situacionista (IS) de Guy Debord e Gil Wolman, está também presente na teoria dos media tácticos. Nas décadas de 50 e 60 do século passado, os situacionistas dedicavam-se à subversão da “sociedade do espectáculo” - uma fórmula de Debord (1991 [1967]) -, através da apropriação das imagens e das palavras produzidas pela cultura de massas, submetendo-as a um desvio inexperado de sentido, empregando-as de um modo que não tinha sido originalmente planeado ao efectuar combinações surpreendentes com elas. Traduzido literalmente como “desvio”, o termo francês assemelha-se mais na língua portuguesa aos significados de “diversão” e/ou “subversão”. Esta forma de arte subversiva era já empregue pela Internacional Letrista  - precedente da IS - no início da década de 50. Um dos métodos mais básicos passava por escrever novas falas para os balões de banda desenhada dos jornais ou inserir-lhes palavras de antigos pensadores, para posterior publicação em revistas de pequena circulação. Noutros casos, alteravam as bandas sonoras dos filmes pornográficos e de karate, de modo a reflectir a luta contra a burocracia (Richardson, 2002).Para o crítico cultural Greil Marcus, esta táctica visava “virar as palavras dos inimigos contra si próprios, obrigando o novo discurso crítico a ser enunciado pelos supostos guardiãos do bem e da ordem” (1999 [1989]: 214), retirando, ao mesmo tempo, o valor mercantil do espectáculo.

Os media tácticos recuperam da TAZ de Bey a noção de nomadismo, de “clandestinidade” e a rejeição de ideologias, hierarquias e líderes. Do détournement dos situacionistas aproveitam a técnica da subversão artística, através de uma reversão da perspectiva[12], e o plagiarismo, na medida em que frequentemente os seus materiais já se encontram dentro do espectáculo. A metáfora da guerrilha está também presente como pano de fundo em ambos os conceitos. Como Joanne Richardson recorda em “The Language of Tactical Media” (2002), a contra-cultura sempre teve uma atracção pela palavra 'sequestro' e pela figura do terrorista: “Detourne era um verbo utilizado frequentemente para descrever o sequestro de um avião (...) A IS jogou com essa conotação, anunciando as suas produções como se se tratassem de sequestros – de filmes, da política, dos desejos quotidianos”.  Nos media tácticos, “o terrorismo estético continua a ser invocado como um título honorífico”.

 

Elementos para a genealogia e caracterização dos media tácticos

Garcia e Lovink empregaram pela primeria vez o termo media tácticos no âmbito da organização do primeiro ciclo de conferências Next Five Minutes (N5M)[13],  realizado em Amesterdão no ano seguinte. A primeira edição do evento foi dedicada ao tema “televisão táctica”, pois nessa altura a câmara de vídeo era a tecnologia de electrónica de consumo mais massificada e que oferecia maiores possibilidades “tácticas”, no sentido atribuído por Certeau a este conceito. Entre os participantes, contaram-se artistas, teóricos, críticos de arte e designers da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, assim como activistas dos antigos samizdats[14] dissidentes dos países europeus de Leste.

Com a segunda edição de 1996, o N5M já adoptou o tópico mais abrangente de media tácticos, tendo este termo se consolidado e difundido através de mailing-lists como a Nettime junto das comunidades virtuais, grupos de trabalho e círculos sociais em que os activistas e artistas mediáticos participam. A organização do N5M passou a partir da terceira edição, em 1999, a disponibilizar na secção FAQ[15] do site do evento a seguinte definição: “O termo 'media tácticos' refere-se a uma utilização e teorização crítica de práticas mediáticas que empregam todas as formas de velhos e novos media, simultaneamente lúcidas e sofisticadas para atingir uma variedade de fins não-comerciais específicos e promover todos os tipos de questões políticas potencialmente subversivas.”

Na mesma página, refere-se que a produção táctica dos media pode abranger activistas utilizando câmaras de vídeo digitais de baixo custo para produzir documentários que depois distribuem pela Internet, participantes dos movimentos anti-globalização empregando transmissorres de rádio FM de baixa potência, hackers que organizam ocupações virtuais de sites e desenvolvem software livre, artistas dedicados à produção de trabalhos audiovisuais onde exprimem a sua opinião sobre questões políticas e redes comunitárias sem fios para disponibilizar às populações desfavorecidas um acesso económico à Net em banda larga.

Apesar de Lovink, quer no capítulo “An Insider's Guide to Tactical Media” do seu livro Dark Fiber (2002), quer no ensaio “A Virtual World is Possible” escrito em co-autoria com Florian Schneider (2002), fixar temporalmente o surgimento dos media tácticos num período posterior à queda do Muro de Berlim em 1989, outros teóricos, como o colectivo artístico norte-americano Critical Art Ensemble (CAE)[16], sustentam que este “tipo de práticas culturais já existia desde há décadas”. Até então, o movimento, com origens na vanguarda moderna, tinha evitado ser designado ou totalmente classificado. Os seus elementos não se assumiam nem como artistas nem como activistas. 

A designação e classificação desta tendência política e cultural gerou uma mistura de sentimentos perante muitos praticantes de media tácticos. Se por um lado, segundo os membros do CAE, o novo termo deixava a porta aberta para a sua cooptação e/ou a quase inevitável recuperação pelo capitalismo, tal como acontece a qualquer movimento a partir do momento em que é nomeado e definido (2001: 5), ao mesmo tempo gerou uma “sensação de alívio, pois qualquer um podia passar a ser um híbrido, fosse artista, técnico, cientista, artesão, teórico ou activista, e todos podiam trabalhar juntos em combinações com diferentes pesos e identidades. Estas multiplas facetas (...) que faziam parte de cada indíviduo e de cada grupo, podiam ser reconhecidas e valorizadas. Muitos sentiram-se livres por deixarem de se ter que apresentar ao público como especialistas para serem valorizados.” (2001: 6) 

Segundo o CAE, o “conjunto de traços a partir do qual emerge uma prática de media tácticos está sujeito a mudar dependendo de a quem é perguntado quais são essas características”. Isto porque os princípios deste modelo são gerais, reconfiguráveis, permeáveis, estando sujeitos a frequentes formações e deformações dependendo sempre da sua aplicação e contexto. Mesmo assim, o colectivo apresenta quatro princípios básicos partilhados por grande parte dos projectos que podem ser inscritos nesta categoria (2001: 8-11):

·  Os media tácticos são uma forma de intervencionismo digital, não na medida em que apenas podem ser produzidos através de tecnologia digital, mas sim no sentido em que consistem na cópia, recombinação e re-presentação de informação. Colocam em causa o regime semiótico em vigor criando eventos participativos e criticando através de um projecto experimental.

·  Os praticantes de media tácticos empregam qualquer medium necessário para responder às necessidades de uma situação. A sua especialização não predetermina a acção, pelo que se tende a realizar trabalhos colaborativos que permitam o intercâmbio de diferentes competências.

·  A prática amadora é especialmente valorizada, dado que os amadores podem ver para além dos paradigmas dominantes, dispôem de uma maior liberdade para recombinar elementos de paradigmas considerados desde há muito mortos e não se encontram restringidos por sistemas institucionalizados de produção de conhecimento e de elaboração de políticas públicas.

·  Os media tácticos são efémeros, deixam poucos traços materiais. O que resta deles é sobretudo memória viva. As intervenções desterritorializam-se por si próprias, sendo sempre ad-hoc. Terminam a sua actividade por si próprias. 

 

“O Alt.Everything da Cultura e da Política”
                                

Embora o CAE, tal como a dupla Garcia e Lovink, tente alcançar uma definição minimamente estável do movimento em questão de forma a que se distinga de conceitos anteriores como o de media alternativos, estes autores são, como vimos, os primeiros a reconhecerem o que para nós constitui um dos principais problemas deste rótulo[17]: a falta de consenso sobre o que são os media tácticos, a que tipo de práticas se referem e em que modo diferem de outras correntes. Se Joanne Richardson (2002), tal como outros teóricos (Lovink, 2002: 271; Meikle, 2002: 119-124), identifica no leque de exemplos mais comuns a sabotagem de publicidade dos AdBusters, os sites de net-art plagiados pelos 01.org, as versões satíricas do espaço online da campanha de 2000 de George W. Bush produzidas pelo RTMark e os vídeos das manifestações anti-globalização realizados pela Indymedia, para além destes nomes “canónicos”, as divergências abundam.

Em Protocol, Alexander Galloway chega mesmo a incluir os vírus informáticos debaixo desta etiqueta, dado “infectarem sistemas informáticos proprietários e se propagarem através da homogeneidade contida dentro deles”, ao explorarem as falhas dos protocolos de comando e controlo das redes e do hardware (2004: 175-176). O movimento ciberfeminista[18] é também considerado por Galloway como um medium táctico, comparando-o a um vírus que corrompe o funcionamento regular dos protocolos tecnológicos (2004: 185). Atendendo aos mais recentes desenvolvimentos das tecnologias sem fios, Robert Hassan (2004: 121-122) coloca na mesma gaveta o Warchalking, isto é, a prática de escrever com giz símbolos codificados nas paredes de edífcios para assinalar a quem entender estes símbolos e tiver um computador portátil com uma placa de rede que ali existe uma rede privada sem fios que está desprotegida ou aberta da qual se pode tirar partido para aceder gratuitamente à Internet. 

O software livre surge também por vezes associado aos media tácticos (Berry, 2002; Hassan, 2004: 119-120). Os hackers - na acepção lata de programadores informáticos – que desenvolvem este tipo de programas comungam uma ética e cultura próprias baseadas na cooperação, na partilha de conhecimento e na ausência de hierarquias. Estes valores estão também bastante impregnados nos praticantes de media tácticos. O princípio da apropriação e transformação colectiva patente nas equipas que desenvolvem o sistema operativo Linux e seus programas leva a uma progressiva e desejada dissolução da barreira tradicional entre utilizador e produtor. Aquele desempenha cada vez mais o papel deste, participando na produção colectiva de um bem comum, o software, num espírito DIY.

Nos últimos anos, o número de projectos que se auto-encaixam ou são colocados dentro desta enorme gaveta a que se dá o nome de media tácticos não tem parado de aumentar. A frase um tanto irónica de Gregg Bordowitz em “What is Tactical Media” de que “os media tácticos são o que são quando o necessitam de o ser” parece ser a mais adequada para descrever este movimento onde cabe quase tudo o que mistura arte, activismo, tecnologia e política (Silva, 2002; Richardson, 2002). Empregando a metáfora criada por Naomi Klein em No Logo (2000), o CAE caracteriza com acuidade a situação, dizendo que o termo se tornou no alt.everyhing da cultura e política (2003). Para este colectivo, “a componente táctica é apenas uma das muitas correntes de possibilidades de resistência convergindo no vector cultural/político de resistência que, na ausência de um termo melhor, é actualmente designado de media tácticos”. McKenzie Wark (2002) considera que os media tácticos estão-se a tornar numa “forma cómoda de classificar projectos experimentais na àrea dos media que, de outro modo, vão contra as categorias de actividade aceites”. De igual modo, Sam de Silva, compara o conceito a “um spam persistente que eleva e celebra os homems e mulheres dos media tácticos como se possuíssem algum tipo de magia necessária para acabar com os males do seu mundo global e/ou local” (2002).

Na quarta e mais recente edição do N5M, realizada em Setembro de 2003, a organização incluiu no programa iniciativas que anteriormente eram deixadas de lado. Até então, salienta Richardson, predominava a visão de que os media tácticos eram sobretudo uma ideia ocidental. No entanto, no N5M4 foi possível encontrar projectos do Mali, Gana, Tanzânia, Uganda, Zâmbia, Jamaica, Bolívia, Índia e Brasil organizados por autóctones ou por europeus e norte-americanos. Na sua grande maioria, consistiam em iniciativas de combate à info-exclusão ou divisão digital que fornecem recursos em tecnologias de informação e comunicação e acesso à Internet a populações desfavorecidas. Para Richardson, “ao classificar todas estas diferentes práticas de media tácticos, corre-se o risco de ignorar as suas diferenças e fazer com que o termo deixe de ter sentido”. Este esvaziamento de significado “parece corresponder em proporção inversa, ao ênfase recente dos media tácticos enquanto rótulo cool no mercado das ideias”, surgindo associado a adjectivos como “bom, progressivo, alternativo, etc. Não existe necessidade de colocar questões, a sua verdade parecer ser desde logo óbvia”.

 

O espectro da cooptação pelo capital

Mas será que “quando as tácticas deixam de constituir apenas formas de improvisar sob as condições opressivas da sociedade e começam a obter a legitimação de valor artístico ou de modus operandi político, ainda continuam a ser a 'anti-disciplina' em relação à ordem dominante?” (Berry, 2000). Esta questão, remete-nos para outra das dificuldades que os media tácticos enfrentam já mencionada em cima. Trata-se do risco da sua cooptação e recuperação pelo capitalismo  – actuando, à maneira de Certeau, como estratégia -, seguindo o mesmo destino de outras correntes alternativas do século passado, que acabaram por ser comercializadas sob a forma de mais uma mercadoria.

Este perigo tem várias causas interligadas entre si, umas intrínsecas ao próprio movimento em questão e outras relacionadas com factores globais. Iremos apenas abordar aqui as principais. A primeira deriva do processo de designação e classificação de um conjunto de práticas que até há menos de uma década era invísivel aos olhos do grande público, como adianta o CAE. O acto de dar o nome a algo que até então era anónimo representou, para este colectivo, a abertura de uma “caixa de pandora”, um gesto que libertou todos os males. Opinião mais optimista tem Josephine Berry (2002). Começando por recordar Certeau, afirma que “onde a lógica do capital (...) deve sempre procurar obter lucro dos seus investimentos mediante a extração de um produto, o táctico rejeita o próprio (nomes próprios, identidades fixas, territórios definidos) em nome do temporário, do precário, do efémero e do improvisador”, acrescentando que “a tendência do campo da produção para assimilar as relações comunicativas e afectivas da sociedade visa aproveitar as inovações da actividade táctica do quotidiano. Apesar disso conclui que o capital, “mediante a conversão do que está em fluxo em algo fixo, acaba sempre por falhar as possibilidades reais de invenção táctica”. 

Mas esta resposta é insatisfatória por ser incompleta. Para além disso, ignora o facto de que o capital não é ameaçado pelo caos, antes prospera com ele, como nota David Garica em “ Old and New Dreams for Tactical Media” (1997), onde, num tom prudente, alerta os praticantes tácticos para o facto de “não só todos os seus actos de subversão poderem ser cooptados pelo capital, como também de que o ciclo perpétuo de destruição e renovação característico dos media tácticos é uma incorporação das forças libertadas pelo capitalismo”. Entre o capitalismo e os seus descontentes existe uma relação de dependência mutúa remontando ao século XIX, o que explica “porque é que movimentos estéticos tão radicais como o Fluxus e o Punk foram cooptados tão facilmente”.

É necessário assim talvez reconhecer, como o faz Peter Lamborn Wilson (1997) que o destino de qualquer medium táctico acaba sempre por ser a sua integração num tipo de estratégia e que muitas das trajectórias destes projectos terminam no “buraco negro fatal” que é o capital. Isto porque “todos os media (...) estão ligados à representação”. Mesmo os tácticos, um tipo de produção cultural e política que procura “manter-se sempre à frente da representação, de forma a obter uma relativa invulnerabilidade face a esta, mediante a mobilização. Embora Lamborn Wilson não seja muito claro, o termo representação poderá ser interpretado num sentido que se situa entre a simulação e/ou manipulação. “Os media, enquanto tecnologias (...) são representações-espelho perfeitas da totalidade que os produz (ou vice-versa)”, afirma, apontando como exemplo a Internet, uma tecnologia que “para além de reflectir uma origem militar mantém também uma afinidade com o Capital”, pois tal como este, a Rede ultrapassa fronteiras, é um “caos”, possuindo características nómadas. Da mesma forma, tal como o capitalismo, “aproxima-se da virtualidade, do desencorporamento, da prótese cognitiva”.

 

O eterno retorno do sublime tecnológico  

A suposta “bondade” dos novos media e da tecnologia digital em relação a uma potencial utilização emancipatória por parte dos cidadãos face aos media comerciais dominantes como as rádios e as televisões, de forma a deixarem de ser consumidores passivos para se tornarem produtores activos é também motivo de dúvida. Se seguirmos o ponto de vista de Lamborn Wilson, a cooptação pelo capital resulta da mediação da realidade inerente aos próprios media. A crença – muitas vezes ingénua e infundada - nos efeitos revolucionários do digital está na essência da teoria dos media tácticos e, se bem que possa parecer que a sua origem remonte apenas aos anos 90, ela percorre grande parte da segunda metade do século passado até ao momento actual. A atitude é bem sumarizada na frase já quase clássica de William Gibson no conto “Burning Chrome” (1986): “The street always finds its own uses for things”, ou seja, a tecnologia pode ser adaptada pelo cidadão comum de forma a dar resposta aos seus desejos e necessidades.

Para compreender melhor este deslumbramento pelo “sublime tecnológico” na sua vertente cibernética convém recordar a polémica teórica travada entre Hans Magnus Enzensberger e Jean Baudrillard no início dos anos 70. Tendo em conta a crescente difusão das câmaras de vídeo, da televisão por cabo, dos satélites e dos computadores, o primeiro argumenta no artigo “Constituents of a Theory of the Media” que “pela primeira vez na história, os media tornam possível uma participação de massa num processo social produtivo” e que “os meios práticos desta produção estão nas mãos das próprias massas” (2003 [1970]: 262). Enzensberger sustém que a estrutura dos novos media é igualitária. Propõe um modelo de utilização emancipatória destes, baseado numa comunicação descentralizada, interactiva, de “muitos para muitos” e politicamente motivada, que contrapõe a um modelo de utilização repressiva dos media (idem: 265; 269). Esta distinção ganhou outro sentido com o surgimento da Internet, considerada em meados dos anos 90 por alguns gurus hiper-optimistas como uma tecnologia emancipadora face aos suportes radiodifundidos como a televisão e a rádio, conotados com um modo centralizado e controlador. Como se sabe, essa euforia pelo novo levou mais tarde ao malogro da dotcoms .

Aludindo ao pessimismo da teoria crítica, o autor acusa a esquerda de sustentar uma teoria dos media assente apenas no conceito de manipulação, uma posição que apelida de defensiva e que revela uma impotência face ao domínio dos meios de produção pelo inimigo. Este “receio de ser engolido pelo sistema é um sinal de fraqueza, pois pressupõe que o capitalismo é capaz de ultrapassar qualquer contradição – uma convicção que pode ser facilmente refutada em termos históricos e que é teoricamente insustentável”. Segundo ele, “a premissa básica não-dita da tese da manipulação” consiste em pressupor que existe uma verdade pura e impossível de ser manipulada” (ibidem: 263-264. Mas Enzensberger discorda dessa ideia, afirmando que “toda a utilização dos media pressupõe manipulação (...) Desse modo, a questão não é se os media são manipulados, mas sim quem os manipula. Um plano revolucionário não deverá exigir que os manipuladores desapareçam; pelo contrário, deve transformar todos em manipuladores” (ibidem: 265). Os media são, pela sua natureza, “sujos” na medida em que “o próprio acto da crítica exige o recurso às tecnologias dominantes de manipulação” (Galloway, 2004: 57). Aqui, o ensaísta alemão antecipa-se ao modo de actuação em espelho dos media tácticos assente no combate ao adversário aproveitando os recursos desse “outro”, presente na contra-propaganda dos AdBusters e da Indymedia visando atacar as “falsificações” e e “mentiras” do discurso corporativo[19].

 

A subversão impossível dos media

Em resposta à teoria marxista dos media de cariz optimista esboçada por Enzensberger, Baudrillard defende em “Réquiem pelos Media”  que não existe uma estrutura inerente aos media, em termos tecnológicos, como o teórico alemão e McLuhan sustêm. Ao mesmo tempo, remete a questão da produção e do conteúdos para segundo plano face ao problema da falta de interactividade oferecida pelos media. Estes são acusados de fabricarem não-comunicação e de impedirem sempre a produção da resposta e todo o processo de troca. É aqui que, para Baudrillard, “se funda todo o sistema de controlo e de poder”. Por isso, afirma que “a única revolução neste domínio (...) está na restituição da possibilidade de resposta”, o que “pressupõe a subversão de toda a actual estrutura dos media” (1995 [1972]: 173).

O seu pessimismo em relação aos media leva-o a afirmar que “qualquer veleidade no sentido de democratizar os conteúdos, de os subverter, de restituir a ‘transparência do código’, de controlar o processo de informação, de forjar uma reversibilidade dos circuitos ou tomar o poder sobre os media é  sem esperança - se não for quebrado o monopólio da palavra” (idem: 173). Isto não significa o mesmo que cada um ter uma câmara e gravar vídeos domésticos ou mesmo, nos dias de hoje, um computador portátil equipado para aceder à Internet sem fios e poder actualizar em todo o lado o seu blog, pois isso apenas significaria “dar individualmente a palavra a cada um”, resultando num “amadorismo personalizado”.

Para Baudrillard, o que está em causa é a possibilidade de comunicação verdadeira, de trocar e retribuir a palavra, sem que possa alguma vez ser detida, fixada, armazenada e redistribuída. Pelo facto da “revolução” proposta por Enzensberger “conservar no fundo a categoria de emissor (...), fazendo de cada um o seu próprio emissor, ela não põe em cheque o sistema mass-mediático” (ibidem: 187). Através de uma análise que pode ser também aplicada aos media tácticos, faz uma crítica das estratégias - ou melhor, tácticas? - empregues pelo movimento estudantil do Maio de 68 em França e pela contra-cultura hippie dos Estados Unidos. Desta forma, nega o impacto subversivo dos media, no sentido da difusão da mensagem revolucionária. “A transgressão e a subversão (...) não passam sobre as ondas sem serem subtilmente negadas enquanto tais: transformadas em modelos, neutralizadas em signos, são esvaziadas do seu sentido”. Não existe melhor forma de as reduzir do que “administrar-lhes uma dose mortal de publicidade” (ibidem: 178). 

À luz do único exemplo de comunicação interactiva dado em “Réquiem pelos Media”, isto é, os cartazes, as serigrafias e os graffities que alteram o sentido dos cartazes publicitários[20], designados como os “verdadeiro media revolucionários” durante e após o Maio de 68 (ibidem: 181; 189), e tendo em conta os escritos posterirores de Baudrillard sobre as simulações nos anos 80 e o virtual na década seguinte, é provável que o filósofo francês olhe com a máxima suspeição a actual atracção avassaladora e inquestionável pela tecnologia, pelo digital, pelas redes virtuais que atinge os media tácticos. Mas, por outro lado, talvez o pessimismo de Baudrillard seja demasiado cínico, pois ao valorizar a acção directa nas ruas, o modelo activista tradicional, “esquece-se“ que se encontra sempre na posição demasiado cómoda de teórico. É necessário reconhecer, como o faz Lovink (2002: 265), partindo da realidade actual dominada pela Internet, que tudo é simulação hoje em dia. Já em 1994 o CAE defendia que, dado que o poder se estava a transferir dos espaços físicos para assumir uma existência nómada na virtualidade, o combate nas ruas se tinha tornado ineficaz e que a resistência devia combatê-lo no ciberespaço, bloqueando os seus fluxos de informação (1994: 23-25). O colectivo virá a propor mais tarde a desobediência civil electrónica, através do bloqueio dos fluxos de informação que viajam pelas redes (1996: 11). Na nossa opinião, o caminho a seguir para os media tácticos será porventura a coordenação de iniciativas compostas por uma vertente virtual e acções reais. Os protestos de Seattle não tiveram lugar apenas no espaço público físico mas também na Internet, através de ataques hacktivistas de Denial of Service[21] aos servidores da Organização Mundial do Comércio. Outra alternativa para além da reconciliação entre o real e o virtual é a “síntese rigorosa entre os movimentos sociais e a tecnologia” proposta por Lovink e Schneider (2002), de forma a analisar os limites e as potencialidades dos novos media.

É certo que as redes e os novos media sofrem de uma vertigem que tende em direcção ao abismo do capital - resultado das suas origens militares-industriais -, mas também é verdade que a sua arquitectura rizomática, descentralizada e aberta gera falhas no “sistema protocolar de comando e controlo”, como diz Galloway. Se aproveitarmos estes buracos poderão surgir daí fenómenos inesperados, aleatórios e emergentes baseados no princípio da troca que Baudrillard tanto anseia, que poderão formar a multitude teorizada por Hardt e Negri ou a inteligência colectiva de Pierre Lévy. Enquanto que o desenvolvimento cooperativo de software livre, as redes Peer-to-Peer (P2P) de partilha de ficheiros e o movimento anti-globalização são casos de nível macro, os projectos de media tácticos pertencem ao microscópico, actuando como “formigueiros” reticulares dedicados a subverter com ironia e solidariedade o Império.



Notas:

[1]Conjunto de técnicas de intervenção e de sabotagem cultural que alteram e subvertem os símbolos comerciais impostos pelo marketing das grandes empresas através da publicidade, virando estes códigos contra os seus criadores. Também é apelidado de guerrilha ou terrorismo semiológico.

[6]Ocupações virtuais que têm geralmente como alvo, os servidores Web de instituições supranacionais políticas e económicas e Estados.  Caracterizam-se por exigirem a participação em massa, ou seja, de um elevado número de pessoas, assemelhando-as o mais possível aos tradicionais protestos populares.

[8]Do-It-Yourself. Em português, Faça Você Mesmo. Termo ligado a uma estética Punk activista e amadora.

[10] Na gíria dos programadores informáticos, o termo corresponde à realização de uma habilidade ou truque de programação bem-conseguido. Em termos gerais, pode-se dizer que designa qualquer tentativa de utilizar a tecnologia de uma forma original, heterodoxa ou inventiva.

[11] Zona Autónoma Temporária.

[12] Efeito que resulta da prática de alteração das mensagens publicitárias empregue pelos AdBusters e outros culture jammers.

[14]Sistema clandestino de cópia e distribuição de publicações impressas nos países da Europa do Leste durante o período de dominação do comunismo.

[17]Convém, contudo, notar que, para esses mesmos teóricos, em particular os elementos do CAE, a ausência de uma definição fixa evita a popularização dos media tácticos e, em consequência, previne a sua recuperação pelo capital.

[18]Corrente teórica que desafia o domínio masculino sob os computadores e a tecnologia argumentando que as mulheres sempre tiveram uma relação muito estreita com as máquinas. Sadie Plant e Allucquére Rosanne Stone e as VNS Matrix são algumas das maiores representantes deste movimento.

[19]Esta será outra das armadilhas que as práticas tácticas enfrentam. Ao adoptarem uma linguagem militarista centrada no ataque ao adversário, acabam por empregar as mesmas “armas” que este, tornando-se no seu reflexo. Analisamos esta questão na nossa tese de mestrado.

[20]Estes podem ser considerados as primeiras práticas de “piratagem” de cartazes publicitários, correspondendo em inglês a biilboard liberation, uma das práticas de culture jamming mais conhecidas.

[21]“Negação de Serviço”, em português. Consiste em inundar o computador-alvo com uma quantidade enorme de pedidos de informação num curto período de tempo, de forma a que a máquina bloqueie. No caso de um servidor Web, isto faz com que os sites aí alojados se tornem temporariamente inacessíveis aos utilizadores.

 

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* Miguel Afonso Caetano é licenciado em Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa e foi até recentemente jornalista especializado em tecnologia. Actualmente, encontra-se a elaborar uma tese de mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação no ISCTE onde analisa a possibilidade de um modelo de media tácticos sem adversários.

 

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